segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Dança dos demónios-Intolerância em Portugal


O livro trata do anti-semitismo, anti-islamismo, anti-clericalismo, anti-jesuitismo, anti- maçonismo, anti-feminismo, anti-liberalismo, anticomunismo, anti-americanismo.
Não li todos os ismos que o livro apresenta. Comecei pelo anti-maçonismo. O autor do texto é o historiador Rui Ramos.
Confesso que tinha a expectativa que o artigo tratasse, de forma mais acentuada, do surgimento e desenvolvimento das instituições maçónicas em Portugal mas numa perspectiva mais actual. Não é bem este o sentido do texto.
O autor procura, em cerca de 100 páginas, dar uma perspectiva histórica do desenvolvimento das instituições maçónicas, não só em Portugal mas, no contexto europeu.
Um dos aspectos mais interessantes do texto é verificar que, apesar das instituições maçónicas rejeitarem a sua participação “institucional” em determinados eventos da história a verdade é que elas “estiveram” lá.
Esta afirmação não é um juízo negativo. O texto demonstra que muitos dos acontecimentos históricos tiveram a participação da maçonaria, das suas estruturas ou dos seus membros.
Em muitos casos porque era a única instituição que tinha uma estrutura organizada e cujos membros eram, na sua maioria, cidadãos influentes que se encontravam espalhados pelas mais diversas estruturas do estado e em profissões importantes.
A instituição maçónica é apresentada, na sua criação, como um espaço de liberdade, fraternidade, entreajuda, de defesa de valores humanistas.
Se por um lado não à razão para não acreditar nesta versão por outro, podemos dizer que “rapidamente desceram à terra” e começaram a interessar-se por assuntos mais mundanos.
Num mundo em que os valores têm vindo, gradualmente, a perder importância não seria de esperar que assim não fosse.
A leitura seguinte é o anti-liberalismo.
Dança dos demónios, Intolerância em Portugal, Coordenação José Marujo e José Eduardo Franco, editora temas e debates e círculo de leitores.
Adenda: Um dos entrevistados no livro Justiça à Portuguesa é Nuno Nazareth Fernandes um assumido maçon.
“Pergunta: A maçonaria, parece secreta ou discreta?
Resposta: Mais do que discreta, está um pouco devassa. Os princípios das organizações são bons mas depois os homens às vezes estragam-nos.
Pergunta: A maçonaria não se tornou num centro de passagem obrigatória para quem está no poder? E, por outro lado, não procura gente que está no poder, no sentido de estender ainda mais o seu braço?
Resposta: Sim, mas isso é uma deturpação da maçonaria. Penso que a maçonaria, entendida nos seus ideais, só pode ser útil. Mas feita por boa gente que não está à procura de influências, de agências de empregos etc.”
No fundo é nesta encruzilhada que se encontram muitas das nossas instituições.

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