segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Justiça à Portuguesa, O retrato incómodo de um sistema que não inspira confiança


Confesso, que não foi com grande entusiasmo que parti para a leitura deste livro. Tinha receio de encontrar uma lista de queixume, vitimização e muito sectarismo à mistura.
Acabou no entanto, por ser uma agradável surpresa.
Os diversos depoimentos recolhidos chamam atenção para as dificuldades, deficiências, ambiguidades e interesses do mundo da justiça.
Encontramos perspectivas contraditórias? Claro. Eu diria que algumas são contraditórias mas de forma mitigada.
A perspectiva de advogados, políticos, juízes, procuradores, jornalistas, arguidos no fundo não é assim tão diferente.
O que mais impressiona na leitura deste livro é o sentimento de impotência, insatisfação e descrença. Mesmo que se encontre nos testemunhos alguma réstia de esperança e optimismo, sente-se um enorme cansaço e frustração pelo estado da nossa justiça
Temos uma justiça que não queremos, e acima de tudo uma justiça que não merecemos.
Os interesses que gravitam em torno na justiça, que vão dos mais poderosos aos mais paroquiais e comezinhos provocam a paralisia e entorpecimento do sistema.
O livro é uma amostra muito interessante do que é a realidade da nossa justiça e principalmente da forma como ela, ou a sua falta, é sentida.

Justiça à Portuguesa, O retrato incómodo de um sistema que não inspira confiança, de Fernando Contumélias e Mário Contumélias, publicações Dom Quixote.

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